Erico Verissimo morreu em 1975. Tinha chegado à idade bíblica dos setenta e morreu cedo, mesmo para os padrões de expectativa de vida há trinta anos! Seu último romance foi Incidente em Antares (1971), que frequentou muitas vezes as listas dos mais vendidos naquela década.
Quase 500 páginas, dependendo da edição, pois teve quase uma centena de relançamentos, é dividido em duas partes, a segunda um pouco mais longa do que a primeira, em que faz uma genealogia do poder das oligarquias rurais no Brasil, utilizando como quadro de referência o Rio Grande do Sul e como cenário preferencial dos eventos realistas e fantásticos a localidade de Antares.
Erico adorava ser simples até mesmo na carpintaria de seus romances. Dá às duas partes os nomes óbvios: a primeira, Antares; a segunda, Incidente.
O incidente, porém, quando chega a ocorrer vem como apanágio de um processo cujas tramas foram muito bem explicadas nas quase duzentas páginas que o prepararam.
Na segunda parte, ganha relevo a figura do jornalista Lucas Faia, que em prosa barroca, ainda forte nas centenas de jornais do interior, narra a ressurreição de um pequeno grupo de mortos notáveis que caminha para o centro de Antares, onde revelarão os podres de altas figuras do poder local, alguns dos quais com poder de vida e de morte sobre os munícipes, mas que nada mais podem fazer contra quem já morreu!
Eis amostra do estilo do jornalista:
Era assim que Erico escrevia. Era assim que todos o entendiam. Ele tinha uma história para contar e sabia como fazê-lo. Os leitores queriam uma história para ler e a encontravam nos livros de Erico.
Fonte: Site Observatório da Imprensa
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